domingo, 28 de novembro de 2010

ela sabe Matheus, ela sempre saberá.

Você olha para a faca. Seu reflexo olha para você. Você sorri e pensa “Isso poderia ser tão fácil.”
Mas será que é? E as pessoas que você acha que não se importam? E as pessoas que você sabe que se importam? 

“E quanto a mim, Matheus? Eu te amo mais que tudo! Não me deixe!”

Você ignora o pensamento do que sua melhor amiga diria se ela estivesse aqui. O que ela não sabe, não vai machucá-la.
Você desliza pela pia, com uma garrafa de comprimidos em sua mão. A faca te dá arrepios, desde quando você arranjou essa idéia. Você ouve o silêncio da casa vazia. Sua mãe o deixou em casa, porque achava que você era responsável.
Você ri secamente e olha a sua esquerda, seu telefone está ao seu lado. Algum lugar dentro de você gostaria que alguém ligasse. Você levanta a garrafa até seus lábios, 17 comprimidos prontos para cair na boca, esperam. Será que dói? Você não se importa. Ninguém o fez. Ninguém sabia o que você sente, tirando sua melhor amiga.

Você estremece ao pensar em seu rosto olhando de volta pra você quando você tentou esconder seus sentimentos. Ela sempre soube. Você a odiava até certo ponto, mas você ainda a amava mesmo assim. Talvez fosse melhor que ela não precisasse se preocupar com você. Ela ficaria triste, mas ela iria ficar por cima. 


Você abaixa a garrafa ainda mais. Um comprimido cai, em seguida, mais dois, mas não consegue engolir. De repente, o telefone toca. Você cospe para fora os medicamentos, e atende.
Antes que você diga uma palavra, sua voz clara corta em fatias seu coração. 
”Não! Não faça isso! Por favor ….“ 

Ela sabia.

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