segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Acaso

Nós não nos encontramos, nós nos esbarramos, nos colidimos. Não durou um segundo, foi eterno, foi como se esperássemos anos ou vidas por isso. Foi ao acaso, na padaria da esquina. Eu de chinelo havaianas, calça de barra rasgada, camiseta branca, fone nos ouvidos e jornal na mão. Você com seu boot, sua calça e sua camiseta que trazia a seguinte frase: O amor acontece!, e aconteceu. Não sei como, porque, pra que. Você me olhou e eu senti que o sentimento que eu tinha era recíproco. Meu Deus! Dava pra ver meu coração pulando de meu peito, quase caindo em suas mãos e dizendo: olha eu sou seu, se vira! Peguei meus pães e tentei sair o mais rápido possível para poder respirar. Em meus ouvidos tocava "Decor - Dallas Ink", quando me lembro que deixei o jornal no balcão volto e o encontro em suas mãos. Você me diz 'olha, acho que isso é seu'. Agradeci e sai. Estava decepcionada comigo mesma. Eu poderia ter feito tanta coisa, mas não tive coragem. Cheguei em casa com os pães e ao abrir o jornal tinha um papel escrito: eu sei que é estranho, mas vi que foi recíproco. Me apaixonei por você ao te ver. Me senti emocionado, agitado, calado. Eu queria correr atrás, perguntar seu nome, mas sinto que isso não acaba aqui. Me encontre amanhã, no mesmo horário e na mesma padaria. Com amor, Henrique.
Eu não sabia o que fazer, era loucura, eu nem o conhecia. Porém ele mexeu tanto comigo que eu resolvi procura-lo.
Ele não apareceu.
E todos os dias eu ia no mesmo horário, na mesma padaria, com um jornal embaixo do braço esperando por aquele que um dia entreguei meu coração com apenas um olhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário